quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Uma releitura do Hedonismo



Podemos definir, de forma resumida, que o hedonismo é uma corrente filosófica que defende o prazer como valor fundamental na experiência humana. Epicuro, filósofo associado a essa corrente de pensamento, foi, ao longo do tempo, muito mal interpretado, gerando uma fama extremamente negativa do hedonismo. Poucos entendem a essência dessa cosmovisão.
A filosofia hedonista afirma que a grande riqueza da vida está nos prazeres necessários e simples. Nada além disso. Ao contrário de uma sucessão de prazeres inéditos e exaustivos, como se propaga no senso comum, o hedonismo prega exatamente o oposto.
Epicuro alerta para o risco da corrupção do corpo frente aos prazeres superficiais e desnecessários, como se ocorresse assim uma deterioração inexorável dos nossos sentidos.  Quanto mais o corpo experimenta prazeres diversos, menos fruição obteria de fontes básicas de satisfação.
O hedonismo distorcido, transmitido subliminarmente nos tempos pós –modernos, aponta para uma permamente insatisfação e estado de frustração. Bem como um movimento de consumo e consumação sensorial desenfreada.
Assim como Aristóteles, Epicuro acreditava que deveríamos valorizar o que temos no instante e que quanto mais conectados com a natureza, melhor seria a nossa trajetória. Aponta para uma vida de satisfação contínua, autossustentável, pois sempre estaríamos alegres com o que nos é acessível. A simplicidade não é vista como precariedade e pobreza, é uma escolha consciente.
Ao invés de molhos e temperos complexos, satisfação com um simples pedaço de pão, seco, sem nada. Sorrir com o vento soprando na frente da sua casa, ao invés da espera por um conforto em uma viagem de apenas sete dias, dos trezentos e cinqüenta e oito restantes.
O hedonismo radical quer a nossa alegria prolongada, sem grandes expectativas, gastos e esforços. Consequentemente menos ambição e inveja em relação à materialidade mundana. 
 Uma teoria que, se bem examinada, combate ferozmente o estilo de vida atual, no qual o prazer parece sempre estar distante do agora, uma trama sem fim de esperas e faltas.

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