Muitas
religiões (principalmente a católica) pregam que o mundo material não possui
valor algum e que nós seremos felizes de verdade apenas no céu. Bom, mas o que
estamos fazendo aqui então?
A eterna
promessa de que após a morte a vida será justificada e nossa alma salva cria um
repertório de ações e pensamentos que são altamente intoxicantes à existência
humana. Uma das mais marcantes é a crença de que estamos aqui para penar,
apenas agüentar, segurar firme, para mostrarmos, de maneira orgulhosa, que somos
fortes e sofredores profissionais.
Outra é de que
os prazeres materiais não podem ser desfrutados. Pensem um pouco: se Deus criou
o mundo, por que ele criou coisas prazerosas e que trazem bem estar? Por que
então não fruir daquilo que nos é oferecido? Ok, ficar centrado apenas nisso
não é muito recomendável, mas negar totalmente?
Observem como
somos e notem como esses pensamentos comandam boa parte das nossas ações. Olhem
nosso pudor, como ficamos constrangidos em demonstrar alegria e entusiasmo
socialmente. É muito mais fácil e confortável chorar um rio lágrimas, onde
sempre se terá uma companhia velando fervorosamente nosso pranto. Esbanje otimismo
e constate onde se irá chegar nessa sociedade.
Um aspecto
gravíssimo da influência das religiões no ser humano envolve a percepção de que
a morte é mais desejável que a vida. Muitas cartas suicidas expõem
explicitamente, através de frases como:“agora vou ficar aliviado, chega desse
sofrimento”, “vou estar em paz”, “ agora vou ser feliz de verdade”.
Vemos
que essas religiões produzem pessoas que vão vivendo tal qual zumbis, sem
colocar sentido e prazer na vida, esperando com peso e pesar a hora de terminar a
jornada vital.
Claro que essa
atitude é bastante útil para se manipular as massas e construir promessas
coletivas que enganam a população e que buscam colocar o ser humano em um
buraco mais fundo do que já está. Seja através da mídia, do governo ou das
próprias igrejas.
Vejam os
rituais, são muitos raros os que almejam a alegria e a celebração. A espiritualidade
tem um fardo, entrar em um universo material é sempre revestido de dor e
comiseração.
Os encontros
religiosos são encontros de sofredores, cada um tentando demonstrar o quanto
sua dor é superior e buscando medir quem é o mais merecedor do perdão divino e
da ascensão ao céu.
Não digo que
não existem pessoas que usam essas religiões de forma criativa e positiva. Mas
é notório e certo que foram construídas ao longo do tempo mais para chorar do
que para sorrir.