Os estóicos, pensadores gregos, acreditavam que a felicidade
(Eudaimonia) resultava de um alinhamento entre o cosmos e a vocação natural de
cada um. A alegria seria um produto do encaixe das inclinações mais profundas
da pessoa e a sua finalidade num todo universal ordenado. Para tanto se exigia
um trabalho intenso de autoconhecimento, pois só assim seria possível descobrir
quais os potenciais mais propícios para desabrochar.
Esses mesmos pensadores também argumentavam que muitas vezes
a sociedade tornava-se um obstáculo terrível para que esse objetivo se
concretizasse, porque nem sempre as aptidões naturais corresponderiam às
necessidades sociais.
Pensemos na escolha de profissões e carreiras. Olhe ao redor
e pergunte se as pessoas fazem aquilo que elas realmente acreditam ter talento
para.
No final é melhor nem propor essa pergunta, para evitar um
aumento significativo da tristeza.
Voltando aos estóicos... o método que eles aplicavam para
que a pessoa insistisse nos seus potenciais era muito interessante. Expunham as
pessoas diante da chacota social sistematicamente. Havia um aprendizado
frequente em lidar com o olhar desaprovador da sociedade. Tudo isso porque
tinham convicção de que, sem esse treinamento prévio, sucumbiriam mais adiante
e deixariam de lado suas virtudes para ser algo que não são, colocando em risco
todos os seus talentos mais valiosos.
Transpondo para os dias de hoje, o desafio que se coloca é
pensarmos se estamos realmente ouvindo nossas habilidades ou
evitando-as. E a que preço? O ponto central dessa reflexão é que se seguirmos
nossas virtudes não necessariamente teremos sucesso social e aprovação do
coletivo, é até mais possível que nossas escolhas sejam desencorajadas até o
fim da vida:
“ Isso não dá dinheiro”
“ Isso não vai dar certo”
O primeiro passo seria uma investigação: qual é a minha? Onde me encaixo?
Onde não perco o meu tempo? Onde vejo que faço sentido?
O segundo passo, tão difícil quanto o primeiro, se
expressaria: vou encarar essa batalha?