O filósofo Kant provoca, através de seu pensamento, alguns
desconfortos. Ele define a maioridade como a capacidade de decidirmos o rumo da
nossa vida segundo nossa própria deliberação racional. E a minoridade como o atributo de deixarmos
os outros decidirem o rumo da nossa vida.
A pergunta que fica é: por que as pessoas quase nunca agem de
acordo com sua maioridade?
Aposto que uma das razões estaria no fato de que se
seguirmos apenas nossas opiniões podemos facilmente “nos meter em apuros”. Não
se deixar levar pelos outros na sociedade tende a ser muito perigoso. Assumir o
risco pelas nossas escolhas é um preço que nem todos estão dispostos a pagar.
Até porque se fossemos mais fieis com nossas convicções não iríamos tolerar
situações que vão se enfileirando no nosso dia-a-dia.
Agir com maioridade poderia ocasionar abandono do emprego,
rompimentos familiares e conjugais. Sendo mais radicais, acabaríamos, quem sabe,
em isolamento pleno.
A zona do conforto estaria nesse impasse. Prefiro abrir mão
da liberdade para não entrar em conflito e ter aprovação afetiva e social. Sigo
as convenções que não condizem com o que eu sinto e penso, porém tenho segurança
e estabilidade para viver. Ou nessas condições seria sobreviver? Realmente é um
conflito complexo.
Viver com maioridade requer um preparo interno gigantesco,
pois o risco de sermos rechaçados e ficarmos a sós com a nossa liberdade é bem
real. Pense você: como você viveria se levasse a vida somente pelas suas
próprias decisões? Valeria à pena pagar o preço?