sexta-feira, 28 de março de 2014

Canibais discretas


Mulheres apaixonadas
São canibais discretas
Distraem a presa
Avançam de surpresa
Com volúpia magnética

terça-feira, 4 de março de 2014

O triunfo do medíocres


No ambiente de trabalho vamos fazendo tarefas e naturalmente alguns se destacam, pelo empenho, talento e facilidade. Ter o trabalho reconhecido é algo almejado por muitos. Poucos realmente se destacam, até porque uma pequena parcela busca executar seus afazeres de forma comprometida e intensa. No nosso país muitos gostariam de exercer outra função ou estar em outro lugar. Planejam simplesmente estar melhor de vida, vivendo sem se engajar na concretização dessa meta.

Quando o reconhecimento tão esperado vem, uma face sombria desse fenômeno emerge. A coisificação do trabalhador: quando os colegas enxergam somente a sua funcionalidade e desejam incessantemente a sua energia laboral, procurando com frequência  lhe enquadrar naquilo que projetam para você.  Acabam tomando você como mero personagem, com roteiros que são extremamente previsíveis e entediantes. A pessoa é convencida de que a instituição e os colaboradores precisam muito do seu esforço.  Dependendo da sua carência acumulada, isso pode seduzir seu ego e fazer com que você, de fato, acredite nisso, “dando o máximo de si pelo coletivo”. Porém o coletivo, quando moldado pelo institucional, é doentio, um aglomerado de pessoas querendo sobreviver, sustentando um discurso pseudo fraterno, passivo-agressivo para obter a própria salvação. Um individualismo travestido de ideário comunitário.

Por esse prisma, a eficiência torna-se uma prisão. Pode-se acabar desejando o fracasso e o insucesso no decorrer do caminho. Pois aquele que faz bem é sugado pelos outros que também querem fazer bem. Estes, no entanto, recorrem de artifícios que requeiram menos energia para almejar supostamente o mesmo resutado. Querem percorrer o mesmo caminho usando a metade da gasolina. E aqueles que acreditam realmente em trabalho em equipe, em trocas, em relações sem inveja e vaidades circundantes se machucam, acabam ficando desesperançosos, com probabilidade de render até menos que os colegas medíocres. Porque os medianos se alimentam da sensibilidade dos talentosos e com a desunião dos incapazes. Os medíocres prosperam, formam um elo de urubus, coesos e perseverantes.  Mas é possível conscientizar-se e quem sabe esboçar um voo bonito entre o lixo e a carniça que se colocam no caminho a cada dia.
Lembrança: quem nunca fez trabalho em grupo na escola e teve sua capacidade sugada pelos coleguinhas, que não fizeram nada e levaram a mesma nota que você?