sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

O veneno da ousadia no natal e no ano novo

Natal e ano novo: algumas considerações

1- Obrigação de festejar: esse imperativo de celebrar essas datas faz com que muitas pessoas fiquem reunidas no mesmo lugar de forma forçada e compulsória, tornando muitos encontros pessoais duros e sem sentido. Simplesmente pelo fato de que ninguém realmente planejou estar de corpo inteiro naquele momento. Além disso, quem não está com um humor eufórico e intensamente alegre é excluído sutilmente com comentários maliciosos: “quem trouxe essa pessoa aqui, o que essa pessoa tem, nossa, ele está tão mal”. O pior de tudo é quando se está passando por um momento difícil na vida e então é necessário colocar uma pedra por cima de tudo, atropelar seus sentimentos porque “é tempo de comemorar”...
2- Presentes – a sociedade conseguiu incutir na cabeça do ser humano a ideia de que os presentes são mais importantes que o afeto que os motivam. Pobre da criança que tem o carinho dos pais e não recebeu presentes, não é mesmo?
3- Aceleração frenética esquizofrênica- Nessa época todos correm para tudo. Como os dias entre o natal e o ano novo não existem, a maioria faz malabarismos para estar em dia com as suas obrigações. Fila pra presentes, contas, almoço, supermercado, calor, aglomeração, tontura e desespero. Todos irritados, sem paciência e prontos para viverem o natal...em suas casas. Patrolando os estranhos e pregando o amor e a solidariedade do nascimento de Cristo.
4- Concentração- Se você está estudando ou trabalhando em algo importante, desista! Existem coisas mais importantes para serem feitas. Qualquer coisa é mais importante que você mesmo, você ainda não aprendeu isso? Ainda?
5- Cobranças- Não existe um repertório muito criativo de assuntos abordados no meio familiar nessas celebrações. Vemos a predominância de temas extremamente irritantes, sempre em tom questionador: “e aí, vai se casar? Tá com emprego? Tá trabalhando em que mesmo? Vai comprar um carro? Vai viajar pra onde nas férias? E os filhos, quando virão”? Ou então cada um fica mostrando o quão é importante e merecedor de aplausos e elogios, num esforço comovente pra que todos o aplaudam de pé e coloquem rosas no chão que irá pisar.
6- Os sentimentos bons- somos tão cordeiros que tem gente que experiencia certas emoções apenas no natal e no ano novo. Fraternidade, abertura, sinceridade, carinho e afeição são fenômenos dessas épocas. Os otimistas pensam: “ao menos uma vez por ano eles sentem isso”. Os mais otimistas radicalizam: que tal sentir sem ser coagido”?
7- Comida- Finalizando com uma questão intrigante: se a comida desse período é tão boa, por que só se come uma vez por ano?