quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Liberdade



Não existe palavra tão proferida nos dias de hoje como a palavra liberdade. Comecei a fazer uma incursão nesse tema, na perspectiva filosófica. Para o senso comum a liberdade seria a possibilidade de “fazer o que se quer”, ser livre para desejar e, por conseqüência, agir em detrimento do querer. Porém, se usarmos a lógica, podemos perceber que uma característica fundamental da liberdade seria possuir atribuição de não ser determinada por nenhum fator. Logo, a liberdade não pode estar submetida aos desejos e inclinações. Indo nessa linha de raciocínio, conclui-se que a liberdade, para se constituir como tal, não pode estar sempre alinhada com o querer.

Só podemos ser livres de fato quando temos a capacidade de decidir na contramão das nossas inclinações. Portanto, somos livres quando conseguimos fazer o que não queremos. A liberdade, nesses termos, torna-se o oposto do senso comum. Bom, isso traz incontáveis conseqüências para nossas escolhas e dilemas. A mais importante se refere ao fato de que a liberdade pode muito bem estar em desacordo com a felicidade.

Usar a prerrogativa de sermos livres pode nos conduzir para uma vida de sofrimentos e dificuldades, porque se seguirmos sempre nossos interesses não estamos sendo livres realmente. Pode-se pensar, nesse encadeamento de ideias, que é possível ter uma vida feliz e confortável, mas sem nenhuma liberdade.

O espírito da época atual prega que liberdade e alegria andam juntas. Porém é necessário uma reflexão profunda para se chegar a uma conclusão não muito agradável. Se ousarmos ser livres podemos ter mais responsabilidades, sofrimentos e angústias. Quanto mais opções se tem, mais se sofre com a escolha, porque a escolha implica no descarte da maioria das opções. Serão mais vidas não vividas do que a escolha feita. Isso não quer dizer que liberdade e felicidade não podem coincidir, mas a liberdade, para ser livre, precisa se libertar até mesmo da felicidade. 




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