Não existe palavra tão proferida nos dias de hoje como a palavra
liberdade. Comecei a fazer uma incursão nesse tema, na perspectiva filosófica.
Para o senso comum a liberdade seria a possibilidade de “fazer o que se quer”,
ser livre para desejar e, por conseqüência, agir em detrimento do querer.
Porém, se usarmos a lógica, podemos perceber que uma característica fundamental
da liberdade seria possuir atribuição de não ser determinada por nenhum fator.
Logo, a liberdade não pode estar submetida aos desejos e inclinações. Indo nessa
linha de raciocínio, conclui-se que a liberdade, para se constituir como tal, não
pode estar sempre alinhada com o querer.
Só podemos ser livres de fato quando temos a capacidade de
decidir na contramão das nossas inclinações. Portanto, somos livres quando
conseguimos fazer o que não queremos. A liberdade, nesses termos, torna-se o
oposto do senso comum. Bom, isso traz incontáveis conseqüências para nossas
escolhas e dilemas. A mais importante se refere ao fato de que a liberdade pode
muito bem estar em desacordo com a felicidade.
Usar a prerrogativa de sermos livres pode nos conduzir para
uma vida de sofrimentos e dificuldades, porque se seguirmos sempre nossos
interesses não estamos sendo livres realmente. Pode-se pensar, nesse
encadeamento de ideias, que é possível ter uma vida feliz e confortável, mas
sem nenhuma liberdade.
O espírito da época atual prega que liberdade e alegria
andam juntas. Porém é necessário uma reflexão profunda para se chegar a uma
conclusão não muito agradável. Se ousarmos ser livres podemos ter mais
responsabilidades, sofrimentos e angústias. Quanto mais opções se tem, mais se
sofre com a escolha, porque a escolha implica no descarte da maioria das
opções. Serão mais vidas não vividas do que a escolha feita. Isso não quer
dizer que liberdade e felicidade não podem coincidir, mas a liberdade, para ser
livre, precisa se libertar até mesmo da felicidade.
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