sábado, 15 de outubro de 2011

Sem turma

Esse pensamento vem à tona principalmente quando estou na mesa de um bar, ou em algum lugar noturno. Isso porque, quando estou com um grupo de pessoas, acabo muitas vezes discordando da opinião que está sendo formada e dos valores que são propagados naquele espaço. Geralmente existe um desrespeito à diferença e uma busca incessante de identidade, de normatização. A pessoa que pensa diferente e possui gostos peculiares geralmente vira motivo de piada e desvalor. Por exemplo, não beber. Não beber álcool em algum agrupamento adulto-jovem é praticamente uma agressão, brindar com um copo de suco pega muito mal. Afirmar a singularidade incomoda muito, porém ter que sustentá-la em alguns espaços é realmente muito sofrido. Procuro gente que não tenha turma, que não esteja muito encaixada em alguma coisa, prefiro os que são meio tortos, prioritariamente solitários e excêntricos. Só não faço uma galera desses porque eles odeiam turma. O que eu quero dizer é que sei estar nesses lugares, mas não gosto nenhum pouco do jeito que fico nessas situações. Muitas vezes tenho a vontade de sair da mesa e ir embora, porque acho alguns assuntos extremamente desinteressantes e monótonos.

É engraçado que algumas pessoas se tornam bacanas quando estão sozinhas. De repente sentem que não há necessidade de se usar uma mascara, que elas podem ser elas mesmas sem nenhuma restrição. Um papo de turma é um baile de máscaras, as opiniões poucas vezes refletem sensações autênticas. Triste é o ser que vive imerso nessa dinâmica, que não saí desses grupos para respirar e sentir o ar novo, de ouvir a voz dos seus reais pensamentos, tormentos e prazeres.

Busco sempre me relacionar, mas também não tolero situações em que tenho a certeza de que a interação que está acontecendo é meramente formal, ou virtual.

Não pense que eu me enquadro em um grupo de rebeldes. Nem pensar, um grupo de rebeldes já não é rebeldia, ao menos que esse grupo deixe todos à vontade para se expressarem, o que sabemos que não acontece mesmo.

O problema, corriqueiramente, é ser do meio termo. Ser louco para os moderados e moderado para os loucos. Ser engajado para os alienados e muito alienado para os engajados. Artístico para os científicos e científico demais para os artistas. Na verdade o meio termo é o meu termo, porque não preciso me balizar pelo outro, não preciso ter uma medida de como eu sou e muito menos ser avaliado por isso. Não acho que todos devam aderir à minha opinião, acho sim que as pessoas deveriam ter opiniões mais singulares, pontos de vista que realmente fossem únicos e refletissem o que realmente são e sentem. Um lugar com pessoas autênticas dificilmente será uma turma, mas pode ser uma interação de pessoas felizes, que estão ali sem ansiedade e necessidade de mostrar ou provar algo a alguém.

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