sábado, 2 de janeiro de 2010

A dança do acasalamento -parte 1

Ah, o jogo da sedução. Evento sempre fascinante. As regras são claríssimas, ao menos parecem ser. Antes de se aproximar você tem que expressar um amor superlativo e dedicação máxima para o seu alvo de investimento. Ela é a mais linda, inteligente e sensacional. Tudo exagerado desse jeito, para você descobrir mais adiante que foi apenas mais uma atitude exagerada sua e que você nunca aprende a ver as coisas como elas são. Na questão da aproximação, receber uma negativa corresponde à morte imediata. De repente a morte pode ser mais amena que uma rejeição, vai saber.
Os lábios começam a tremer, embrulhando as palavras, como um empacotador de supermercados inexperiente, geralmente aplicando a tática mais usual, nos casos de encontro em locais públicos:
- Hum, vamos dar uma volta? Se a menina em questão fosse uma pessoa que desejasse desestabilizar o nosso guerreiro diria:
- Para que dar uma volta? A gente vai chegar ao mesmo lugar em que estamos, e não há nada para se ver aqui. Mas geralmente essa fase é mais tranqüila. Ela só pergunta:
- Por que?
- Porra, não vê que eu quero te beijar sua tonta? Três horas prestando atenção, conversando elogiando, pagando coisas só pra você. É pedir demais? Na vida real ele apenas diz:
- É bom dar uma volta para pegar um pouco de ar puro.
Ar puro é patético, mas continua sendo uma das únicas alternativas socialmente viáveis nessas situações. No caminho da volta ele se ensaia:
- Então, sei lá, assim...essas palavras indicam algum pedido que a pessoa tem vergonha de fazer, mas mesmo assim insiste em tentar. Para complicar, a menina, que de boba não tem nada ainda provoca:
- O que houve? Tu está tão estranho? Como se não soubesse da fissura do coitado.
Então o cara pensa:
- Bom , que se fôda, eu tô aqui e é agora ou nunca. Ele respira fundo, toma fôlego, balbucia algumas palavras, que nem ele nem ela entenderão o sentido exato, e parte pra cima. Feito. Missão cumprida.
Depois de quatro horas, uma fome danada, vontade de ir ao banheiro, o beijo acontece. Pensamentos fervilham, agora é hora de puxar papo para encobrir o mal estar causado. Pensa, pensa em algo:
- Pô, tu viu aquele vídeo no you tube? É muito tri.
- Tu viu o perfil da Nandinha no Orkut? Que viagem!
Não pode ser algo muito profundo. Atenção! A profundidade geralmente afunda essas aproximações iniciais, por mais profunda que a pessoa seja. Vai entender...
A cena se repete com os casais que acabaram de se beijar: ele dá um sorriso largo de alívio e ela fica sem graça, com cor de vinho de tinto, porém com coragem e cara de pau para questionar o intrépido galã:
- Por que tu demoraste tanto pra me pedir um beijo? Pensei que nem estivesse afim ...
Nós merecemos mesmo.

3 comentários:

  1. Cara, eu odeio jogossss...isso é puro jogo...acho que vou ficar uma véia sozinha , não tenho saco pra essas coisas 'profundas'...
    ehoeheiuhaoeahea...
    desculpa a revolta ;)

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  2. comentário tardio... (eu nao tinha visto estes ultimos posts antes... sorry!)
    Mas eu não acho q seja jogo... nao. Acho que é por pura insegurança e desconhecimento. Não se sabe o que se passa na cabeça do outro. Muito menos se ele sente o mesmo. E eu confesso, que gosto disso. Seria frio demais se tudo fosse claro e direto. (sim eu gosto de sofrer... como uma boa pisciana!) uhasuasha bjos!

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  3. maravilhoso amei !! essa historia mecheu comigo !! parabens!

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