sábado, 16 de janeiro de 2010

Saber: prazer e saber simultâneo

Saber é prazer e sofrimento ao mesmo tempo. Como é bom descobrir potencialidades, adquirir consciência de que os sofrimentos são contornáveis e de que nada é tão determinante assim nessa vida. Por outro lado é um tormento saber que existem lacunas gritantes que nunca serão preenchidas, expectativas que nunca serão alcançadas, planos que só serão planos. Geralmente o saber implica também em querer passar esse saber adiante, dividir, tanto os conhecimentos bons quanto os maus. Os bons para melhorarmos o mundo, os ruins para amenizar a impotência diante dos fatos. Falo conhecimento mau me referindo a consciência de que existem aspectos negativos na nossa vida.
Muitos acabam enfraquecendo no caminho, pelo peso do conhecimento que adquirem, e buscam então não saberem mais, alienam-se, desligam o botão da consciência. Decidem viver a vida evitando descobertas, querem apenas o gosto do conhecido e do trivial. Ficam mais fixados no pólo maléfico do conhecer, afirmam que nossa consciência é um punhal que despedaça o coração vagarosamente. Como ser feliz sabendo da violência do mundo? Da pobreza do universo ? Da fragilidade do ser? Eu perguntaria: como ser feliz não sabendo de tudo isso?
Realmente não é fácil, vários sucumbem, não agüentam o fardo de saber. É por isso que pessoas diferenciadas são raras no planeta. Boa parte dos sujeitos descobrem algo e se tornam aterrotizados pelo conhecimento, escravo de seus pensamentos. Sua ação paraliza, por tudo aquilo que se acumulou. Escassos são aqueles que, ao tomar consciência, buscam agir, seja da forma que for, mas lutam corajosamente para mudar algo ou, quem sabe, para melhorar uma situação.
Há que se ter o cuidado para não ser um teórico da vida, pensar que o que já se sabe basta. Sempre terão novas situações para balançar nossos valores e crenças. Por isso quem tem medo do saber não está aplicando criativamente o que aprendeu.
Não se canse de saber, descobrir algo é uma dádiva. Embora seja doloroso em diversas situações, a ignorância é certamente mais letal, corroendo a mente e a alma dos corações desavisados. Quando se descobre algo e existe um desejo de superar aquilo que o conhecimento despertou de sofrido, a vida se torna maia rica e nos sentimos mais confiantes para adentrar no universo de corpo inteiro. Pobre daqueles que não querem aprender, e mais lamentável ainda os que sabem que podem descobrir muito mais porém hesitam por temor ou acomodação.

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